O medo de que os avanços na robótica e inteligência artificial (IA) tragam problemas para a humanidade é um tema recorrente. Veteranos da ciência como o físico Stephen Hawking e o fundador da SpaceX, Elon Musk, já emitiram alertas sobre isso. Para Grant Imahara, engenheiro especializado em robótica e ex-membro do programa “Mythbusters – Caçadores de Mitos”, esse temor é real, mas até certo ponto.
“Acho que eles estão pegando alguns de nossos empregos. Até esse ponto, seria para usos muito perigosos para humanos, como limpar usinas nucleares. Então, os robôs dominando não é um cenário em que acredito, ou que eu prefira. Mas acho que precisamos de mais pesquisa em IA. Porque sei que se muitas pessoas espertas estão preocupadas com isso, eu também deveria estar”, disse Imahara para jornalistas antes de sua apresentação na Campus Party, no Anhembi, em São Paulo, nesta quarta-feira (27). 
Uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial estima que mais de cinco milhões de empregos serão eliminados até 2020 como resultado do desenvolvimento em genética, inteligência artificial e robótica. Também na quarta-feira (27), cientistas disseram que criaram um programa de computador que supera um humano no jogo de tabuleiro Go, o que foi considerado um novo marco do gênero.
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Grant Imahara (de azul) e demais membros da equipe de desenvolvimento do dróide R2-D2 em “Star Wars”

Imahara veio ao país para falar um pouco de sua experiência em unir engenharia elétrica e entretenimento. Além do “Caçadores de Mitos”, trabalhou na Industrial Light & Magic produzindo efeitos práticos para filmes como “Matrix Reloaded”, “O Mundo Perdido: Jurassic Park”, “O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas” e no desenvolvimento do dróide R2-D2 na segunda trilogia de “Star Wars”.
“Nos primeiros filmes havia um robô de duas pernas controlado por um humano [o ator anão Kenny Baker) e outro com três, por controle remoto. Mas na época a radiofrequência era horrível, e era comum que eles fossem correndo do nada até uma parede. Para a trilogia nova, fizemos vários modelos R2-D2. Alguns eram mais lentos, para acompanhar os atores andando, e outros mais rápidos”, explicou.
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Grant Imahara mostra o coelho da Energizer desenvolvido por ele, que levava 44 pilhas AA em seu bumbo

O engenheiro também tem as batalhas de robôs como hobby; criou um chamado “Deadblow”, que usa um martelo pneumático como arma, e que foi usado no programa de TV americano “Battlebots”. Além disso, participou do desenvolvimento da segunda geração de coelhos dos anúncios das pilhas Energizer. O suposto coelho de brinquedo da Energizer na verdade tinha uns 60 centímetros, por conta do aparato eletrônico dentro dele.
“Na primeira geração o bater do bumbo do coelho não era automático, era controlado por uma pessoa. E ele usava outro tipo de bateria. Quando me chamaram para a segunda geração, fizeram duas exigências: que o coelho batesse constantemente e que funcionasse de verdade com as baterias Energizer. Isso porque na geração anterior, usavam outro tipo de bateria e mostravam a Energizer só na edição final. Para contornar isso, tivemos que colocar 44 pilhas dentro do bumbo”, descreveu.
Como dica para os jovens campuseiros, Imahara sugeriu que primeiro devam encontrar um “mentor”. “No meu caso, era Tomlinson Holman, criador do sistema de som para cinemas THX. Quando era estudante, ele ensinava na minha universidade. Bati à porta dele e perguntei: ‘posso ser seu assistente?’ e ele disse: ‘sim’. E foi assim que comecei”, relembra.
Os fãs do apresentador não ficarão sem vê-lo nas telas por muito tempo, pois ele está começando a gravar um novo programa, ainda não anunciado, com seus ex-colegas Kari Byron e Tory Belleci, que como ele deixaram o programa em 2014. “Deverá estrear em breve, e será parecido com que fazíamos no ‘Mythbusters’. Isso é tudo que posso dizer para vocês agora”, disse.

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